quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Viagens na minha Terra: Castelo de São Jorge


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Boa noite...


Devem desculpar a presença assídua da minha pessoa, que perturba a imagem do objecto do tema de hoje, mas a minha vaidade interpõe-se inúmeras vezes entre a objectiva do meu fotógrafo e a paisagem adjacente.. Hoje mais um local soalheiro de história e poeira, recheado agora de vida cosmopolita, com o seu café e restaurante.





Para vocês... Castelo de São Jorge





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A existência de um castelo propriamente dito, é documentada nas fontes e na arqueologia a partir de meados do século XI. As descrições dos geógrafos árabes salientam o forte castelo e as muralhas que defendiam a quasabah ( alcáçova). Nessa altura, Al Uzbuna, como era designada pelos muçulmanos, mantinha a sua importância enquanto cidade portuária, datando desta época o castelo e muralhas que defendiam a quasabah. A cidade propriamente dita, a medina, desenvolvia-se, desde o Castelo até ao rio, pela encosta Sul e Sudoeste.

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Em 1147, quando D. Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal, acampa com o seu exército na envolvente da colina do Castelo para o tomar aos mouros, o castelo e parte da cidade encontravam-se defendidos por uma muralha, que abraçava parte da cidade que pela colina do Castelo se desenvolvia até ao rio.

A conquista que ficou célebre nos anais da história pela morosidade do cerco devido à dificuldade em tomar o Castelo, que imponente se erguia no topo, contou com a ajuda da Segunda Cruzada que se dirigia para a Terra Santa para mais uma ofensiva contra os árabes.

A lenda que com o tempo se gerou em torno da conquista de Lisboa, enaltece em particular, a proeza de um nobre cavaleiro de D. Afonso Henriques, Martim Moniz, que percebendo que os mouros fechavam a porta do Castelo, a franqueou permitindo, assim, a entrada dos cristãos no último reduto de defesa. Desde então, passou a designar-se por Porta do Moniz, aquela que permitiu a vitória a D. Afonso Henriques, e que se situa junto à Praça Nova.

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Em 1256, Lisboa, torna-se capital do reino de Portugal. Desde então, até ao início do séc. XVI, o Castelo conhece o seu período áureo. Para além da residência real e do palácio dos Bispos, a alcáçova recebe casas dos nobres da Corte.

Os vários reis do séc. XIII, XIV e XV, dedicam uma atenção especial ao Castelo promovendo melhorias várias. Em meados do séc. XIII, D. Afonso III faz obras de reparação no palácio do governador. No séc XIV, D. Dinis, transforma a alcáçova mourisca em Paço Real da Alcáçova. D. Fernando, em 1373 - 1375, manda construir a Cerca Nova ou Cerca Fernandina, para que a cidade ficasse mais defendida, pois tinha-se expandido muito. Também, com D. Fernando, é instalada na Torre de Ulisses o tombo do reino, onde se guardava os documentos antigos do Arquivo Real.

Depois das guerras com Castela e restabelecida a paz, nos finais do séc. XIV, D. João I, manda atulhar o fosso e coloca o Castelo sobre a protecção de São Jorge, santo protector dos guerreiros e da fé cristã.

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Com a ida da corte para a zona baixa da cidade, a fisionomia da alcáçova, foi-se alterando, e gradualmente os palácios e casas nobres foram dando lugar a habitações mais populares, ainda hoje visíveis no traçado urbano da actual freguesia do Castelo.

A partir de 1580, com a dominação filipina, o castelo, retoma a sua importância militar, sendo construídos e adaptados edifícios para albergar a guarnição espanhola e para servir de prisão. A função de presídio, será uma constante até à sua reabilitação em 1938-1940.

No séc XVII e XVIII, mantêm-se a sua função de quartel e presídio. Ainda no séc. XVII, é construída numa das torres o Observatório Geodésico, passando a designar-se, desde então, por Torre do Observatório. A Torre do Tombo, também se manteve na alcáçova, ocupando para além de uma das torres do castelejo, algumas alas do antigo Paço Real mais próximas, nomeadamente, uma ala designada por Câmara de D. Fernando.

Com o terramoto de 1755, o Castelo, descaracterizado pelas construções que lhe foram sendo acrescentadas, sofre graves danos, desaparecendo numerosos edifícios, torres e troços de muralha.

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Em 1910, com a implantação da República é classificado como Monumento Nacional.

Em 1940, o Castelo de São Jorge assume um novo destaque com vista à comemoração centenária da Fundação da Nacionalidade e da Restauração da Independência. A intervenção realizada entre 1938-1940 pela Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, procurou imprimir-lhe a dignidade de outros tempos, em que era o centro político e militar do país, pondo a descoberto algumas das estruturas antigas do velho paço real e do castelejo que se encontravam subterradas.

O Castelejo e o Antigo Paço Real da Alcáçova que hoje existem, não são a « reconstrução fiel» do que foram outrora, mas o resultado dos aspectos mais marcantes das sucessivas épocas que lhe foram moldando a fisionomia.

in http://www.castelosaojorge.egeac.pt/DesktopDefault.aspx







Apesar de ser só já ruínas, umas muralhas e algumas torres e de estar sempre cheio de turistas, o castelo de São Jorge continua a ser um ponto de visita obrigatória em Lisboa para quem gosta de sítios bonitos e de fotos pseudo-artísticas... Recheado de arcos que levam a lado nenhum e colunas que sustentam coisa alguma, portal para outras épocas, perdidas entre o buliço das visitas de estudo e as pequenas bancas dos artesãos que agora povoam os paços...



E à sua entrada o grande conquistador da terra da sete colinas e da independência, presta a devida atenção aos transeuntes, do topo do seu pedestal dado por aqueles que o respeitam. Assim posto como guardião do espaço das muralhas, quase eclipsa a pequena estatueta do padroeiro do castelo que nos saúda ainda antes da entrada...





E heis que as portas se abrem e nos recebem dentro do recinto de retalhos, dividido entre o que já havia e o que agora há, dividido entre pedras antigas e pedras novas, entre o esquecimento do passado e a presença contínua de vida dos dias de hoje...



No caminho, os assentos do passado aguardam com a mesmo paciência de outrora que o visitante se sente neles e descanse da subida pela Sé até ao alto do castelo. O arco é a porta que leva para lá da realidade, as paredes estão lá, mas não separam este mundo do outro, estão incompletas e reforçadas pela censura da imaginação da sociedade actual... Visitai como autómatos, fotografai, conhecei os factos, mas guardai-vos de os sentir... Deveis evitar a todo o custo sentir o que quer que seja...





Os senhores do castelo...



... Uma fonte chafariz, perdida no meio dos degraus...



... e mais um recanto de água freca, que se esconde nas paredes...







... Das torres, várias, todas com acesso exterior, mas apenas algumas abertas... É através destes que se pode ter uma magnífica vista sobre a cidade capital, com as suas colinas polvilhadas de betão e telha...





Preocupações ambientais




 E assim termina a visita... Novamente, peço desculpa pelo espaço ocupado por mim sobre as imagens no castelo... Não deixem de visitar... Só é pena ser a pagar, mas vale a pena, assim uma vez, de vez em quando...

1 comentário:

Kátia Mendes disse...

Parabens pelos trabalhos fotograficos aqui apresentados.
Já ha muito tempo que nao vou ao CAstelo de S. Jorge. Tenho de voltar la um dia destes.
Um local muito bonito para fotografia é tambem as Ruinas do Carmo.
Bom fim de semana

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