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Em continuação do trabalho começado em dias passados, segue mais uma pequena resenha...
"E eis que o canto da noite ressoará pela eternidade, através das palavras dos poetas da transgressão…
Reza a história que embrulhados na cortina de fumo, do tecido underground Portuense, despontaram os Bal Onirique… o ano e a hora destes novos inquilinos vestidos com a cor do desejo sacro-profano é um mistério que continuará guardado algures nos anéis da noite e dos tempos.
Sabido é, que o nome Bal Onirique advém do desfolhar das páginas de um livro da Vida e Obra do Eterno Salvador Dali, que faz alusão à pretensa celebração de um baile surrealista, decorria então o ano de 1934. O famoso Dream Betrayal (Bal Onirique) foi organizado por Caresse Crosby nos EUA em honra de Dali antes da partida deste para a velha Europa. A descrição dos cenários e dos ambientes despertaram no corpo e na alma do grupo, um acumulado de sublimados devaneios Dalinianos, de "loucas" e surreais desenvolturas inerentes e comuns aos gostos celebrados por cada membro, resultando de imediato numa das suas principais fontes de inspiração artístico-poética, quer na temática dos seus textos onde a arte, a literatura é uma forte componente mágico-teatral ganhando uma expressão angular e evasiva quer no universo imagético-surreal da sua música, esta sempre direccionada a incorporar nos abismos espirituais e a despertar os abismos do nosso próprio subconsciente onde o Amor e a Morte vivem sempre numa constante metamorfose simbólica. Aliado a isso contracenam com uma ambiguidade estética nitidamente influenciada ora pelos arquétipos do dandaismo dos finais do Século XIX, ora por uma roupagem mais densa e negra, esta de cariz mais goth.
A natureza do quinteto Bal Onirique é composta por: P.A na voz; David Teves na guitarra, Francisco no Baixo, Jorge na guitarra e Alberto na bateria. O resultado desta união converteu-se com a entrada em estúdio em meados da Primavera de 2006 para gravar Jadis et Naguère e Slow Lane, temas esses que tiveram a preciosa colaboração de Gonçalo Vasco (Rádio Universitária de Coimbra - 1978) na gravação e David Reis (ex. Trauma e Phantom Vision) na posterior produção.
Jadis et Naguère (Antes e Depois / Outrora e Recentemente) é acima de tudo uma Ode apaixonada que espelha o ardor quimérico, impulsivo e libertino de uma das mais tempestuosas paixões de sempre: Verlaine e Rimbaud - dois amantes do crepúsculo, duas estrelas arabescas, dois dos mais belos poetas que comandavam os céus nocturnos."
[algures] in http://www.myspace.com/balonirique
Bal Onirique @ Graveyard Session - 23/01/10
O momento alto da noite, não me canso de o dizer. A começar em grande e a acabar ainda melhor!
A introdução foi feita num estilo entorpecedor dos sentidos, prosa cantada, canção falada, poema... O acompanhamento, de tons quentes orientais, misturados com o fumo mecânico tomando a forma de incenso que queima, cujo aroma inexistente se tornou inebriante pela sua própria e profunda ausência. Mensagem em movimento serpenteante, vertida nas ondas de um corpo feminino...
Bal Onirique @ Graveyard Session - 23/01/10
O concerto foi marcado pelo exótico, desde o guarda-roupa japonês, até à presença em palco, tudo nesta banda é feito de um sonho irreal, com todo o sentido e sem sentido algum. Demasiado perfeito e demasiado confuso para ser percebido apenas com um olhar superficial. A dinâmica violenta que o vocalista imprimiu na sua actuação poderia levar o espectador distraído a pensar que algo de muito errado se passava ali, mas a plateia entrou no espírito como se o concerto tivesse sido ensaiado na presença de todos. Para os que foram boas memórias ficarão com certeza da experiência sem paralelo proporcionada pelos Bal Onirique, num espectáculo repleto de excentricidade e profunda paixão...
Bal Onirique @ Graveyard Session - 23/01/10
E agora uns videos do concerto, que encontrei no Youtube:
Ficam assim, aqui guardados, alguns recortes no albúm de memórias, para quem não esteve presente e para aqueles que sofrem de alzeimer poderem recordar mais tarde...
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1 comentário:
Bom concerto. Voltava a ver na boa! :)
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