Boa noite,
Hoje temos uma carta muito portuguesa, da qual até se fez uma música que reza assim "Ó tempo, volta para trás..."
O Regressar ou O Voltar a Trás (The Return)
A carta O Regressar ou O Voltar a Trás permite ao seu utilizador
visitar o passado, mas apenas sob forma de observador. Esta carta também
protege o utilizador quer de eventos mágicos ou do quotidiano do tempo que
visita, evitando que seja detectado, pelo que o viajante terá um aspecto parecido
àquele que se associa aos fantasmas. A utilização desta carta requer muita
energia, tal como a utilização d’O Tempo, pelo que apenas utilizadores muito
poderosos retiram dela todo o seu potencial. Os seus poderes desta carta podem
ser contornados com a utilização d’O Tempo.
O Regressar ou O Voltar a Trás tem a forma física de um nevoeiro
preto, cujos rápidos movimentos permitem a sua deteção. Na forma de carta, a
sua caracterização remete para o oposto perfeito da carta O Tempo, de facto, O
Regressar apresenta-se como uma jovem figura humanoide feminina, com orelhas
pontiagudas, que segura uma ampulheta azul (na ilustração do baralho de Clow,
ela segura um relógio com asas, com a numeração colocada em sentido contrário).
Especula-se que O Regressar seja a contraparte d’O Tempo, pois O Tempo
envelhecerá eternamente, enquanto O Regressar, com a sua capacidade de
“rebobinar” o tempo, ficará para sempre jovem.
De acordo com as instruções que vêm com as cartas de Clow, a carta O
Regressar ou O Voltar a Trás tem como mensagem principal a necessidade de
aprender com os erros do passado e nunca desistir do futuro.
Esta carta indica que este é o momento para fazer as pazes com o
passado, enterrar os ressentimentos e os arrependimentos e ultrapassar os
problemas que não podemos resolver. A timidez ou incapacidade de agir derivadas
de acontecimentos passados desagradáveis irão gradualmente desaparecer à medida
que as situações e as suas mensagens vão sendo interiorizadas pela nossa mente
consciente e transformadas em experiências positivas de aprendizagem.
Por outro lado, esta carta adverte que é impossível reverter a
passagem do tempo e tentar fazê-lo é apenas abrir a possibilidade para que mais
acontecimentos desagradáveis surjam nas nossas vidas. Apesar de ser impossível
mudar o passado, tanto o presente como o futuro têm todas as oportunidades que
procuramos, só temos que investir em melhorar o que aí vem, dentro daquilo que
nos é possível alterar com o nosso próprio esforço, em vez de desperdiçar a
nossa energia tentando em vão remendar situações passadas.
Dentro de um baralho de jogo normal, esta carta é substituída pelo 10
de Paus.
Além da organização correspondente ao baralho de jogo comum, as cartas
de Clow/Sakura têm uma organização interna sujeita a 6 elementos tipo que
formam o grupo principal: A luz (The Light), A Escuridão/As Trevas (The Dark),
O Fogo (The Firey), A Água (The Watery), O Ar (The Windy) e A Terra (The
Earthy) – Nota: a tradução para português foi deliberadamente feita para os
tipos elementais da espiritualidade ocidental, porque uma tradução mais literal
resultaria em cartas com nomes caricatos.
A carta O Regressar ou O Voltar a Trás encontra-se atribuída
directamente a um dos elementos maiores – A Luz – e, por isso, encontra-se
atribuída ao guardião Cereberus (Kero), alinhada com o pensamento mágico ocidental
e com o Sol. A sua carta oposta é O Tempo.
Do pondo de vista simbólico, existe uma figura semelhante a esta carta
que é a capacidade de olhar para trás, dirigindo a atenção consciente para
trás, deslizando e regredindo em direcção ao inconsciente, o que parece ser a
contraparte mais metafórica da habilidade que a carta tem de permitir ao seu
utilizador que viaje no tempo para conhecer o passando, “olhando para ele” e
vivendo-o apenas como observador. Simbolicamente muita coisa depende de um
simples e momentâneo olhar para trás, o que reflecte a forma, como na vida
real, se pode perder uma oportunidade de um momento para outro, quando a
atenção consciente é perdida ou desviada do seu objectivo, ainda que por breves
instantes.
Por outro lado, esta simbologia aplica-se também à circunstância de a
mente não ter acesso directo aos conteúdos do inconsciente, só os podendo
perceber através de símbolos ou confiando nas sugestões da intuição, ou seja,
olhar directamente para o inconsciente, além de muito difícil, ou até
impossível, é desaconselhável, pelos estragos que tal informação em bruto pode
vir a produzir nos processos de pensamento lógico da mente consciente. Aqui
aplicam-se as metáforas e lendas em que determinadas personagens são proibidas
de olhar para trás, como Orfeu (mitologia Grega) ou a mulher de Lot (Bíblia)
que, ao desrespeitarem essa indicação, frustram a possibilidade de alcançar os
seus objectivos e são, consequentemente, castigados pelos deuses.
Fontes: Cardcaptor Sakura Wiki; tradução das instruções do baralho de
Clow; Dicionário dos Símbolos, de Tom Chetwynd.