Boa noite,
Para hoje temos uma carta muito a tons de negro. Fiquem com:
A Sombra (The Shadow)
A Sombra é uma carta misteriosa que é capaz de recolher e manipular
sombras de pessoas, animais e objectos. Contudo, as sombras recolhidas e usadas
pel’A Sombra podem ser dispersadas usando uma luz forte, enquanto que a própria
A Sombra permanece e é possível ver a sua forma.
Esta carta não tem género definido, no entanto, como a sua forma
física se assemelha à figura da morte como o Grande Ceifeiro, um enorme vulto
negro com um manto e capuz, especula-se que possa ser uma carta masculina (the
grimm reaper é a figura da morte que estamos habituados a conhecer no mundo
ocidental e encontra-se estabelecida desde a Idade Média, tendo o seu apogeu
como figura da morte ocorrido durante a grande epidemia de peste negra. O
adjectivo ceifeiro deriva do facto de esta figura da morte carregar consigo uma
grande gadanha que usava para simbolicamente cortar a ligação física das almas
ao mundo terreno, tal como era usada como alfaia agrícola para cortar o caule
dos cereais, separando-os da terra).
De acordo com as instruções que vêm com as cartas de Clow, A Sombra
representa o desconhecido e por isso é tanto a causa como a solução para os
problemas.
Esta carta aconselha a que perante um que problema parece impossível
de resolver, se faça um esforço de desconexão com o mesmo, podendo assim
avaliá-lo de todos os ângulos. Permitindo à nossa mente sair da sombra do
problema e da sua influência negativa, a resposta aparecerá naturalmente como
um prolongamento da situação em si e que não era visualizada porque estava
ocultada pela sombra provocada pelo obstáculo.
Por outro lado, esta carta adverte que se nós evitarmos sempre as situações
que se nos afiguram mais desagradáveis e indesejáveis, então nunca vamos
ultrapassá-las nem descobrir que luz brilha por detrás dessa sombra. Às vezes é
necessário suportar algumas coisas mais aborrecidas para mais tarde conseguir
conquistar objectivos maiores (ver, a nível da psicologia, como funciona a
perseverança e a teoria da gratificação instantênea).
Dentro de um baralho de jogo normal, esta carta é substituída 10 de
Ouros (atenção: no tarot o naipe Ouros não é em forma de losango, mas sim em
forma de moeda e toma o nome de pentáculo, uma estrela de 5 pontas que aparece,
com frequência, desenhada nessas moedas).
Além da organização correspondente ao baralho de jogo comum, as cartas
de Clow/Sakura têm uma organização interna sujeita a 6 elementos tipo que
formam o grupo principal: A luz (The Light), A Escuridão (The Dark), O Fogo
(The Firey), A Água (The Watery), O Ar (The Windy) e A Terra (The Earthy) –
Nota: a tradução para português foi deliberadamente feita para os tipos
elementais da espiritualidade ocidental, porque uma tradução mais literal
resultaria em cartas com nomes caricatos.
A carta A Sombra está atribuída ao elemento agregador Luz, apesar de,
à primeira vista, ser mais plausível estar sob a alçada da Escuridão. Na
verdade, esta carta está subjugada à luz, porque utiliza a magia da carta A Luz
para poder existir e criar outras sombras, pois só há sombras na presença de
uma fonte luminosa, uma vez que na escuridão não há sombras, aí A Sombra seria
invisível ou até inexistente.
Do pondo de vista simbólico, a sombra encontra-se em estrita
associação com o Ego numa situação de “conflito”, em que as atitudes do
quotidiano se encontram em contraste com tudo aquilo que está fora do controlo
imediato da psique individual.
A sombra é tudo o que actua na psique, com excepção da vulgar
consciência desperta. A sombra começa por ser vivida como obscura e estranha,
ou como estando inacessível para lá de uma determinada barreira, mas na verdade
essa barreira entre a luz e a sombra, entre a consciência a inconsciência, é
apenas uma ilusão. A sombra é a personificação do lado escuro, como um duplo
negro, o que significa que todas as forças psicológicas menosprezadas pelo Ego
são relegadas para a inconsciência, onde se mantêm irracionais e potencialmente
destrutivas. A nível simbólico a sombra encarna o vilão e quando este domina
uma figura de autoridade ou vence o herói isso significa que são os impulsos
primitivos e do inconsciente que estão a controlar o destino da mente, onde o
poder controlador do Ego está a falhar. As sombras psicológicas são sempre as
figuras desprezadas, como n’A Bela Adormecida a fada que não é convidada para a
festa, representando uma pequena área da psique à qual não se dá importância,
mas que pode vir a causar sérios estragos se deixada sem cuidado e atenção.
Nas mulheres, e no lado feminino da psique masculina (sim, esse lado
existe), a sombra é representada pelo lado escuro da Lua, pelo lobo, por Hécate,
cuja simbologia aponta para aspectos destrutivos. Contudo, a Sombra e o Ego
contêm sempre algo um do outro, a semente da transformação do oposto, tal como
o herói está sujeito a acessos de raiva e agressividade, a sombra também não
está disposta a realizar o mal absoluto nem a embarcar numa corrente de
destruição caótica.
Por ser uma figura tão abrangente a nível simbólico, qualquer símbolo
negativo remete invariavelmente para algum aspecto da sombra, já que todo o
negativo está sempre associado às forças desprezadas e abandonadas no
inconsciente.
Por outro lado, se conseguirmos dominar e integrar a sombra, a sua
imensa vitalidade e conhecimento do mundo inconsciente poderão ser utilizados
para melhor lidar com o mundo consciente. Reconhecendo a sombra e não a
evitando é possível, a partir do seu próprio ponto de vista, gerar mais luz
sobre as situação e resolver com mais rapidez e eficiência os conflitos da
psique.
Fontes: Cardcaptor Sakura Wiki; tradução das instruções do baralho de
Clow; Dicionário dos Símbolos, de Tom Chetwynd.
Então e esta carta? É um pouco mais pesada em termos de simbologia, mas e que tal?
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